baby blues

Baby Blues

11:30

Costuma-se dizer que por trás de um grande homem, está sempre uma grande mulher. Mas no meu caso afirmo que por trás de uma grande mãe, está um grande pai (de Maria).

Todas sabemos o quão trabalhoso é cuidar de um bebé, principalmente nos primeiros tempos em que cada tarefa parece ser calculada minuciosamente para sair perfeita, e demoramos uma eternidade em cada uma delas (curioso que passado 1 mês já parece que fazíamos isto a vida inteira). Pai de Maria, mais conhecido por "calma e tranquilidade em pessoa" esteve lá presente em todos os momentos, desde os mais felizes, em que coloco o nascimento dela no topo da lista, aos mais preocupantes, e aqui refiro-me ao baby blues. O que é isto do baby blues? É uma fase pós parto em que a mãe fica particularmente sensível, melancólica, ansiosa, triste, assustada e muito deprimida. Não falamos de uma depressão pós-parto, mas é uma fase bem chata e em que por vezes não damos a devida importância e quando é assim, acaba por correr mal, principalmente quando não há comunicação entre o casal. Um baby blues "mal curado" pode acabar em algo bem pior, é de evitar!

Eu resumo como 15 dias pós parto de lágrimas sempre prontas a sair, hormonas descompensadas, um enorme medo de não sabermos cuidar daquele bebé que está ali e que é para sempre, um pânico gigante de algo correr mal e não sermos capazes de dar a volta à situação, os nervos sempre à flor da pele, um cansaço extremo e ao mesmo tempo... uma alegria imensa por termos ali o bem mais precioso da nossa vida, ao nosso cuidado. Como dizia a pipoca mais doce (quando falou e muito bem deste tema) apodera-se de nós "o medo de fazer merda".


Isto é tudo muito bonito quando lemos sobre isto antes do parto, mas e quando não lemos? E quando de repente nos deparamos com estas sensações todas e não sabemos o que se passa? Tive a sorte de ter uma amiga próxima que é enfermeira e que me começou a falar nisto ainda antes do parto, e que me repetia vezes sem conta depois "Lembraste do que falamos sobre o baby blues? Pronto, é isso que está a acontecer contigo, tem calma, relaxa, vai passar dentro de alguns dias." Na prática passa, eu diria que são duas semanas bem esquisitas, e depois vem o mar calmo. Mas na teoria são dias que mais parecem meses! Acho que o meu baby blues começou ainda na maternidade, quando, durante a primeira noite, olhei para a Maria e pensei "E agora? Como é que eu sei exactamente o que é para fazer contigo? Como é que vou conhecer todos os teus choros?" e isto acabou por resultar em 48 horas seguidas sem dormir, isto depois de ter parido e estar completamente dorida e exausta. Foram 48 horas sempre preocupada em ver se ela estava bem, se respirava, se queria mamar, se estava deitada na posição correcta... ao 3º dia, portanto o dia em que saímos da maternidade, tudo descambou. Mal chegamos a casa eu só tive tempo de pousar a Maria na minha cama e ir a correr à varanda e chorei durante uns bons 20 minutos, como se o Mundo fosse literalmente acabar. E foram uns 12 dias seguintes mais ou menos no mesmo padrão, incluindo o acordar (eu) de 2 em 2 horas para ver se ela estava a respirar. A juntar à festa eram as visitas que não me largavam e faziam literalmente sala tardes inteiras, e eu só queria poder descansar e usufruir da minha filha com algum sossego e paz. Deveriam ser proibidas visitas por períodos maiores de 45 min aos recém-nascidos no primeiro mês.


Apesar de pouco se escrever sobre isto, confesso que acredito piamente que todas as mães passam pelo baby blues, com menos choro ou mais lágrimas, com menos ansiedade ou mais medo. Claro que não somos obrigadas a confessar os "podres" de um sonho cor de rosa pela qual estamos a passar no momento, mas no fundo acho que deveríamos falar mais das coisas em vez de as guardarmos para nós. Quanto mais expusermos este tipo de experiências, sem falar só no quanto é belo ser mãe, e o quanto é gratificante ter o nosso bebé nos braços, mais mães ajudamos, principalmente as que estejam a passar pelo mesmo, ou que estejam grávidas e assim podem ir falando com os maridos e prevenindo-os. Isto foi muito importante, o maridão já estava mais ou menos "preparado" pela minha amiga para o que era tudo isto, e soube se precaver e precaver a relação, que é fundamental.

Maridão tirou então o primeiro mês para estar connosco e foi sem a menor dúvida o meu braço direito, o meu melhor amigo, o meu companheiro, o meu suporte e a minha força. Se nunca te tinha agradecido até aqui, agradeço agora, obrigada meu querido! Posso dizer que até hoje tens cumprido na integra todos os votos do casamento e nunca me deixaste ficar mal.


Relembro que no final, quando a nuvem negra passa, entramos verdadeiramente no sonho da maternidade e é mesmo tudo tão lindo, isto de ser mãe. Sempre foi o meu sonho e agora, que se concretiza, às vezes ainda tenho de me beliscar. Adoro-te Maria! Para sempre...

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13 comentários

  1. é bom ter por perto alguém assim, como tens :)

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    1. Sem dúvida, um apoio assim numa altura como aquela é parte da "cura" :D

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  2. é verdade , ficamos mesmo inseguras e às vezes a pessoa ou pessoas que estão ao nosso lado não entendem ,afinal temos um bebé ali lindo e perfeito e muitas vezes choramos sem razão ... mas as hormonas são mesmo tramadas !
    ainda bem que tens uma pessoa que te entende ,
    beijinhos

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  3. Tão bom ter um papá presente :D

    Eu por acaso não senti isso no pós parto :)

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  4. Eu passei por isso, o meu bebé era um chorão, mas não sei se não chorei mais que ele. Como tu também tive um marido que acalmou as coisas e tomou conta da situação, só não amamentava porque não podia.

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    1. Tal e qual o que ele me dizia "só não amamento porque não posso, se não, até nisso te ajudava" :)

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  5. Eu por acaso não tive mas havia alturas em que me sentia muito desconfortável com as visitas!Devia ser de facto proibido no primeiro mês dos bebes é quase uma invasão da privacidade mesmo no caso dos familiares mais chegados ficarem mais de 15 ou 20 min, acho um absurdo, as pessoas deviam ser educadas no sentido de perceberem isso!
    Bj S

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    1. Mas nunca percebem... aconteceu comigo e vejo acontecer com tanta gente...! :\

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  6. Eu tive uma experiência diferente devido à prematuridade do meu filho, deprimi tudo o que tinha a deprimir durante o seu internamento. Essa fase de tristeza e desorientação passou mais pelas minhas incertezas e preocupações sobre o seu estado de saúde - apesar de saber e dizerem que estava tudo bem com ele, eu andava sempre com o coração nas mãos - e de vir para casa sem ele. Mas, como já desabafei, o seu internamento teve o seu lado positivo, ganhei confiança como mãe com a ajuda das enfermeiras, quando levei-o para casa já não ia com dúvidas se iria cuidar bem dele ou não; ajudou-me a ser descomplicada - eu só o queria perto de mim, a felicidade de tê-lo em casa fez-me relativizar as noites mal passadas, os choros. Estava tão feliz quando o trouxe que não me importei com as visitas, também só veio família e amigos chegados e foi tudo visita de médico! E, sim, o apoio do pai nessa fase é fundamental, eu só tenho a agradecer ao meu, sem ele eu teria enlouquecido duranto os 20 dias em que o pequeno esteve internado, e por todo o apoio que me deu posteriormente, sei que também não foi nada fácil para ele e teve que ser forte por nós os dois.

    Uma experiência diferente sobre os baby blues mas o importante é que tudo acabe bem.

    Beijinhos.

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    1. Obrigada por partilhares a tua experiência. Sem dúvida resumes bem, o importante mesmo é que tudo acabe bem e que eles e nós continuemos saudáveis e sempre felizes. O amor entre mãe e filho é inabalável <3

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  7. Obrigada por partilhares comigo a tua história. Sentimo-nos menos sozinhas. De facto estas coisas acontecem, e não somos piores mães por isso, pelo contrário, acho que quando tudo passa somos mães ainda mais extremosas :)

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